Contracolonização é o conceito-chave desta obra de Antônio Bispo, que contrapõe de forma desconcertante o modo de vida quilombola ao da sociedade colonialista. Com uma linguagem própria, de palavras "germinantes", o autor oferece um olhar urgente e provocador sobre os modos de viver, habitar e se relacionar com os demais viventes e com a terra. A partir da Caatinga brasileira, mais especificamente do Quilombo Saco Curtume, no Piauí, Bispo denuncia a cosmofobia – o medo do cosmos que funda o mundo urbano eurocristão monoteísta – e empreende uma guerra das denominações, enfraquecendo as palavras dos colonizadores. Desafiando o debate decolonial, compreendido por ele como a depressão do colonialismo, propõe a contracolonização, um modo de vida ainda não nomeado e que precede a própria colonização. Não se trata de um pensamento binário, mas de um pensamento fronteiriço e "afro-pindorâmico" para compreender o mundo de forma "diversal", integrado por uma variedade de ecossistemas, idiomas, espécies e reinos. "A terra dá, a terra quer" registra de modo inédito muitos dos saberes transmitidos pela oralidade por esse "lavrador de palavras" acerca do agronegócio, das cidades, das favelas, dos condomínios fechados e da arquitetura. Transitando por muitos mundos, Bispo semeia potentes traduções de questões cruciais para o nosso tempo como ecologia, clima, energia, trabalho, cultivo e alimentação. Diante da mercantilização da vida e dos saberes, este livro compartilha a força ancestral da circularidade começo, meio e começo.

Ubu Editora - 1ª ed. - 2023 - 112  pág. - brochura

Sobre o autor:

Antônio Bispo dos Santos nasceu em 1959 no vale do Rio Berlengas, Piauí. Lavrador, formou-se com os saberes de mestras e mestres do quilombo Saco Curtume, no município de São João do Piauí, e foi o primeiro de sua família a ser alfabetizado. Desde cedo, foi incumbido de desenvolver a habilidade de traduzir para a escrita a sabedoria de seu povo e mediar as relações com o Estado, cuja violência se manifesta, também, pela invalidação da oralidade. Como liderança, atuou na Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (Cecoq/pi) e na Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). Sua atuação política nos movimentos de luta pela terra ancora-se na cosmovisão dos povos contracolonizadores. Nego Bispo, como também é conhecido, é autor de vários artigos, poemas e do livro Colonização, Quilombos: modos e significações (unb/incti, 2015), além de coordenador da coleção Quatro Cantos (n-1 edições, 2022). Na revista piseagrama publicou os ensaios Modos quilombolas (2016) e Somos da terra (2018). Tem realizado palestras, conferências e cursos por todo o Brasil. É professor convidado do Encontro de Saberes da unb/incti e da Formação Transversal em Saberes Tradicionais da ufmg.

Santídio Pereira nasceu em 1996, no povoado de Curral Comprido, no município de Isaías Coelho, interior do Piauí. Migrou para São Paulo ainda criança e ingressou no Instituto Acaia, dedicado a crianças e adolescentes residentes próximos ao Ceagesp, onde iniciou sua prática artística nos ateliês do instituto. A xilogravura é o principal suporte de sua pesquisa visual, a partir da qual desenvolveu a técnica de “incisão, recorte e encaixe”, subvertendo a reprodutibilidade característica da gravura e utilizando diversas matrizes na produção de uma imagem única. A flora e a fauna da Caatinga, sobretudo os pássaros, são fontes recorrentes de memórias, estudos e recriações ficcionais. É na Caatinga do Piauí, também, que ele mantém um projeto de pesquisa e residência artística destinada aos moradores locais e ao intercâmbio com artistas de outros lugares.

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A TERRA DÁ, A TERRA QUER - Antônio Bispo dos Santos - ilustração de Santídio Pereira

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Contracolonização é o conceito-chave desta obra de Antônio Bispo, que contrapõe de forma desconcertante o modo de vida quilombola ao da sociedade colonialista. Com uma linguagem própria, de palavras "germinantes", o autor oferece um olhar urgente e provocador sobre os modos de viver, habitar e se relacionar com os demais viventes e com a terra. A partir da Caatinga brasileira, mais especificamente do Quilombo Saco Curtume, no Piauí, Bispo denuncia a cosmofobia – o medo do cosmos que funda o mundo urbano eurocristão monoteísta – e empreende uma guerra das denominações, enfraquecendo as palavras dos colonizadores. Desafiando o debate decolonial, compreendido por ele como a depressão do colonialismo, propõe a contracolonização, um modo de vida ainda não nomeado e que precede a própria colonização. Não se trata de um pensamento binário, mas de um pensamento fronteiriço e "afro-pindorâmico" para compreender o mundo de forma "diversal", integrado por uma variedade de ecossistemas, idiomas, espécies e reinos. "A terra dá, a terra quer" registra de modo inédito muitos dos saberes transmitidos pela oralidade por esse "lavrador de palavras" acerca do agronegócio, das cidades, das favelas, dos condomínios fechados e da arquitetura. Transitando por muitos mundos, Bispo semeia potentes traduções de questões cruciais para o nosso tempo como ecologia, clima, energia, trabalho, cultivo e alimentação. Diante da mercantilização da vida e dos saberes, este livro compartilha a força ancestral da circularidade começo, meio e começo.

Ubu Editora - 1ª ed. - 2023 - 112  pág. - brochura

Sobre o autor:

Antônio Bispo dos Santos nasceu em 1959 no vale do Rio Berlengas, Piauí. Lavrador, formou-se com os saberes de mestras e mestres do quilombo Saco Curtume, no município de São João do Piauí, e foi o primeiro de sua família a ser alfabetizado. Desde cedo, foi incumbido de desenvolver a habilidade de traduzir para a escrita a sabedoria de seu povo e mediar as relações com o Estado, cuja violência se manifesta, também, pela invalidação da oralidade. Como liderança, atuou na Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (Cecoq/pi) e na Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). Sua atuação política nos movimentos de luta pela terra ancora-se na cosmovisão dos povos contracolonizadores. Nego Bispo, como também é conhecido, é autor de vários artigos, poemas e do livro Colonização, Quilombos: modos e significações (unb/incti, 2015), além de coordenador da coleção Quatro Cantos (n-1 edições, 2022). Na revista piseagrama publicou os ensaios Modos quilombolas (2016) e Somos da terra (2018). Tem realizado palestras, conferências e cursos por todo o Brasil. É professor convidado do Encontro de Saberes da unb/incti e da Formação Transversal em Saberes Tradicionais da ufmg.

Santídio Pereira nasceu em 1996, no povoado de Curral Comprido, no município de Isaías Coelho, interior do Piauí. Migrou para São Paulo ainda criança e ingressou no Instituto Acaia, dedicado a crianças e adolescentes residentes próximos ao Ceagesp, onde iniciou sua prática artística nos ateliês do instituto. A xilogravura é o principal suporte de sua pesquisa visual, a partir da qual desenvolveu a técnica de “incisão, recorte e encaixe”, subvertendo a reprodutibilidade característica da gravura e utilizando diversas matrizes na produção de uma imagem única. A flora e a fauna da Caatinga, sobretudo os pássaros, são fontes recorrentes de memórias, estudos e recriações ficcionais. É na Caatinga do Piauí, também, que ele mantém um projeto de pesquisa e residência artística destinada aos moradores locais e ao intercâmbio com artistas de outros lugares.

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